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A filmografia de Pedro Tofani (PT II)



Na primeira parte desse post, falamos sobre a importância de reconhecer os artistas por trás do Jão e exploramos alguns detalhes visuais dos videoclipes e trailers dirigidos e roteirizados por Pedro Tofani até a era Anti-Herói. Agora, iremos explorar as eras Pirata e Super, analisando os clipes e trailers dessa trajetória.




Amor Pirata (2021)

Dirigido por Pedro Tofani e Maria Luisa Alves, "Amor Pirata" retrata a história de um amor de uma noite. Com elementos marcantes como um barco, um colar e uma ostra dourada, o clipe desenvolve sua narrativa através de cenas na praia, em uma festa e até cenas submersas, simbolizando a profundidade com que Jão se entrega a esse amor efêmero.

No clipe, o protagonista é hipnotizado por uma sereia, levando-o a mergulhar no fundo do mar em busca dela. As cores predominantes são amarelo, verde e azul, reforçando a atmosfera praiana e noturna criada para o vídeo. A combinação desses elementos resulta em uma identidade visual marcante e uma narrativa lírica que complementa a história da música.




Coringa (2021)

Na continuação da era Pirata, Jão lançou "Coringa", dirigido por Pedro e Malu, com roteiro também assinado por Pedro em colaboração com Jão. O clipe dá seguimento à história do trio introduzida em "Imaturo", agora na fase adulta. Para reforçar essa continuidade narrativa, o vídeo começa com o trio usando os mesmos uniformes escolares de "Imaturo", sendo fotografados para uma imagem de prisão após serem capturados. A história avança com uma manchete de jornal revelando que o trio, preso desde 2018, foi libertado devido à pressão popular. Uma cena marcante no elevador parece ser uma inspiração a um plano do filme "500 Dias com Ela", que também inspirou o clipe "Não Passa Vontade" (2020) de Anavitoria e Duda Beat. Em "Coringa", o trio se envolve em um novo crime, e os planos alternam entre um salão de festas, a estrada e a praia, explorando uma dualidade visual através de cores quentes e frias. O clímax do clipe está em uma cena icônica de carro, onde um acidente é retratado em câmera lenta enquanto Jão canta o desfecho da música.




Pirata (2021)

O trailer do álbum "Pirata" foi dirigido por Diego Fraga, com roteiro co-criado por Pedro Tófani e Jão. Se pudesse ser resumido em palavras, seria descrito como "nostálgico" e "megalomaníaco". Nesta obra, os roteiristas construíram uma narrativa que evoca as memórias de cada era de Jão, desde o lobo simbólico até o anti-herói em queda, revisitando seus álbuns anteriores. A direção foi majestuosa, assim como a fotografia e a montagem, criando uma peça que nos faz refletir sobre toda a jornada de Jão até o momento, enquanto abre caminho para o vento que traz algo. O trailer explora uma paleta diversificada de cores, reforçando o clima nostálgico que acompanha a narrativa.




Não te amo (2021)

Dirigido por Pedro Tofani, o clipe de "Não te Amo" apresenta uma narrativa profundamente simbólica: ele retrata um amor em um contexto apocalíptico, onde os sentimentos do eu-lírico são explorados em sua luta para esquecer alguém, mesmo negando esses sentimentos a si mesmo, enquanto eles continuam a influenciar sua vida. No desfecho do vídeo, Jão retorna para a pessoa amada, beijando-o apesar de sua negação anterior. A história se desenrola através de cenas em uma festa, na praia e na estrada, locais marcantes da era Pirata de Jão. As cores dominantes do clipe são vermelho, amarelo e azul, elementos também característicos dos clipes dessa era. Essa escolha cromática, além reforça a identidade estética da era no projeto, adiciona camadas de significado visual ao clipe.





Idiota (2022)

A música "Idiota", um dos grandes singles do álbum "Pirata", teve seu clipe dirigido por Pedro Tofani, com roteiro em parceria com Jão. O clipe é um verdadeiro deleite para os cinéfilos, repleto de referências a filmes icônicos como Titanic (1997, James Cameron), Homem-Aranha (2002, Sam Raimi), Brokeback Mountain (2005, Ang Lee), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976, Bruno Barreto), e 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999, Gil Junger). Além das referências cinematográficas, o clipe também faz referência ao casal Ayrton Senna e Xuxa. A narrativa acompanha todas essas referências, onde o eu-lírico se coloca como protagonista, completamente apaixonado por seus respectivos pares, refletindo a temática da própria canção; alguém que ama como um idiota. O clipe é marcado por uma paleta de cores predominantemente frias, cada uma adaptada à narrativa específica, mas perfeitamente mescladas para criar uma identidade visual cativante. Um dos aspectos mais impressionantes do clipe é a capacidade de contar múltiplas histórias distintas em apenas três minutos, capturando a emoção de cada referência de forma única.





Pilantra (2023)

O single "Pilantra", em colaboração com a cantora Anitta, também foi dirigido por Pedro e merece destaque especial por ter sido gravado em película. A gravação em película é conhecida por sua qualidade cinematográfica, caracterizada por partículas de ruído e colorização diferente da gravação digital. Essa técnica é muito utilizada para capturar uma estética clássica e nostálgica que traz o charme do cinema tradicional. Uma curiosidade sobre as gravações em filme é que proporcionam uma textura visual única e um apelo retrô que muitos diretores tentam emular digitalmente, mas não nesse caso. O clipe foi editado por Pedro e Malu Alves, e sua narrativa se desenvolve em torno de um casal que mantém uma competição secreta entre si. Situado principalmente em uma casa de dança (conhecidas também como nightspots), o clipe é uma homenagem à estética dos grandes filmes hollywoodianos do século XX, frequentemente estrelados por ícones como Marilyn Monroe. A trama atinge seu clímax em uma cena de assassinato, onde Anitta atira de maneira exagerada no protagonista, seu parceiro, intensificando ainda mais a identidade visual e narrativa da obra.




Super (2023)

Assim como o trailer de "Pirata", o trailer de "Super" também faz um uso extenso de elementos nostálgicos em sua trama, reforçando a narrativa dos elementos que moldam a trajetória de Jão: terra, ar, água e então o elemento fogo, que representaria o álbum "Super". Dirigido pela dupla Pedro e Malu, o trailer acompanha Jão através desses elementos, incluindo um encontro com seu eu infantil. O trailer é emotivo e grandioso, e ao assisti-lo hoje, é notável a forma como ele englobou de maneira brilhante tudo o que a era "Super" viria a representar: o fogo como elemento principal simboliza a explosão de tudo que o artista se tornou na era "Super", enquanto o plano detalhe das chamas em seus olhos representa isso com uma grandeza cinematográfica. O dragão, mostrado no trailer, também se tornaria um símbolo marcante da era, representando os medos do protagonista que agora já não o dominam mais.





Me Lambe (2023)

O clipe "Me Lambe" mais uma vez foi dirigido por Pedro e Malu, sendo gravado em película 16mm. O filme narra uma história figurativa e romântica: Jão é o único humano em um universo onde todos são híbridos de gatos, até que ele encontra seu par, que, apesar de aparentar ser um híbrido, na verdade é um ser humano disfarçado. Essa metáfora poética reflete o sentimento de ser diferente em meio a uma multidão de semelhantes, mas de encontrar alguém que se conecta contigo através das diferenças. O clipe foi filmado em bares e ruas de São Paulo, cidade que possui um significado especial na história de Jão, e possui uma estética marcante e impecável, característica da película 16mm que confere uma identidade única à produção.





Alinhamento Milenar (2024)

Apesar deste post focar na filmografia de Pedro, é importante destacar também o curta-metragem "Alinhamento Milenar", escrito e dirigido por Maria Luisa Alves, com Jão colaborando no roteiro e na direção artística, realizada em parceria com Pedro. A história é sensível e delicada, contando a história de um amor que sobrevive à distância e ao tempo. O eclipse e os óculos de papel feitos pelos protagonistas são elementos marcantes da obra, e o filme transmite perfeitamente o sentimento da música, retratando um amor que atravessa vidas, puro e inevitável. Um dos destaques da direção de Malu neste filme é a delicadeza ao lidar com crianças, criando um ambiente confortável e propício para elas. Outro detalhe sensível do curta é a adaptação da letra da música: o verso original "Sentado no meu colo/Eu te mostro os anjos" se transforma em "Sentado do meu lado/Eu te mostro os anjos", enquanto "Correndo por palácios/Pinturas obscenas" se torna "Correndo por palácios/Pinturas sobre cenas". Essas adaptações foram feitas para tornar a letra mais adequada à história das duas crianças retratadas no curta. Este foi o primeiro curta-metragem baseado em uma música do cantor, introduzindo-nos a uma atmosfera cinematográfica que já é marcante em sua carreira, agora em formato de filme.

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