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Músicas de Super como obras de arte

Atualizado: 12 de mar.

Escorpião – A Vingança (Artemisia Gentileschi)



Raiva, Traição e Desejo de Destruição.


Na música "Escorpião" de Jão e na pintura "A Vingança" de Artemisia Gentileschi, somos imersos em um turbilhão de emoções intensas, entre a raiva e a vingança. A melodia frenética e a letra impregnada de ressentimento ecoam a dor causada pela paixão e o desejo ardente por vingança. Enquanto em "A Vingança", testemunhamos Juditha desferindo seu golpe com fúria, em "Escorpião", o eu lírico declara guerra ao seu ex-amor. Ambas as obras manifestam a poderosa força da raiva alimentada por um amor, retratando a determinação de punir aqueles que causaram dor e sofrimento.


Me Lambe – O Beijo (Augustine Roudin)



Intimidade, desejo e redenção.


Em 'Me Lambe', Jão nos imerge em uma narrativa de encontros conturbados, onde a intensidade do desejo e a busca pela redenção se entrelaçam. Por sua vez, 'O Beijo' de Auguste Rodin nos convida a contemplar esse momento de paixão e entrega entre dois amantes, em uma representação visceral e emotiva. Assim como na canção, na obra, dois apaixonados não conseguem se ver longe um do outro, se entregando ao desejo absoluto existente entre ambos.


Gameboy – Narciso (Caravaggio)



Narcisismo, desejo e fragilidade.


A música 'Gameboy', de Jão, e a obra 'Narciso', de Caravaggio, mergulham na exploração do eu, destacando a auto-observação de sentimentos humanos muitas vezes renegados. Enquanto 'Gameboy' segue o eu-lírico em uma jornada inicialmente centrada em si mesmo, mas que se transforma em uma busca por se adaptar para a pessoa amada, 'Narciso' retrata o mito clássico de Narciso, fascinado e obcecado por sua própria imagem refletida na água. Por meio de narrativas distintas, 'Gameboy' e 'Narciso' nos fazem refletir sobre a obsessão pelo eu, abordando até que ponto estamos dispostos a mudar a nós mesmos, seja por ego ou para agradar a outra pessoa.


Alinhamento Milenar – Capelas Sistinas (Michelangelo)



Amor, transcendência e unicidade.


A música 'Alinhamento Milenar', de Jão, e a obra das Capelas Sistinas, pintadas por Michelangelo, nos carregam para uma atmosfera de um amor inevitável, que sobrevive a todas as vidas. É possível interpretar os mencionados 'em tetos de capelas' como uma alusão à obra de Michelangelo, já que é o local onde a pintura está registrada. Da mesma forma, o trecho 'pinturas obscenas' pode ser associado às representações de homens se beijando, consideradas obscenas na época em que foram pintadas, especialmente pelo contexto histórico de Michelangelo no século 16. Ambas as obras exploram a conexão profunda entre os amantes, transcendendo o tempo e o espaço, representando um alinhamento cósmico e atemporal. Tanto a música quanto a arte contemplam a beleza de um amor que transcende barreiras.


Lábia – Os Amantes (René Magritte)



Sensualidade, conexão e mistério.


Em 'Lábia', Jão nos guia por um caminho repleto de sedução e incerteza, onde os encontros são marcados pela intensidade e pela ambiguidade: os protagonistas se veem como indivíduos quebrados, que nunca tiveram sucesso no amor, mas encontram nessa relação uma chama de esperança. Combinando essa atmosfera intrigante, 'Os Amantes' de René Magritte nos presenteia com a imagem enigmática de duas figuras unidas, porém separadas por tecidos que ocultam suas identidades, refletindo a busca dos amantes por uma nova identidade, deixando para trás as máscaras do passado e mergulhando na intensidade do presente, assim como visto em ‘Lábia’.


Maria – Quarto em Arles (Van Gogh)



Anseio, melancolia e solidão.


Em 'Maria', Jão nos mergulha em um oceano de dor e autoconhecimento, onde a separação é tanto uma libertação quanto uma ferida aberta. Os versos carregados de melancolia ecoam a busca pela identidade perdida do eu-lírico. Essa jornada emocional encontra um eco poderoso na obra "Quarto em Arles", de Vincent van Gogh. Na pintura, o espectador é transportado para um cenário íntimo e solitário, onde os objetos do quarto parecem testemunhas mudas da solidão do artista. As cores vibrantes contrastam com a atmosfera de tristeza e introspecção, refletindo a dualidade entre a luz e a escuridão que permeiam os sentimentos do eu lírico de 'Maria'.


Julho – A persistência da memória (Salvador Dalí)



Em "A Persistência da Memória", Salvador Dalí retrata o tempo como algo triste e sombrio, com relógios derretidos e uma atmosfera de desolação. Da mesma forma, em "Julho" de Jão, o tempo é visto como algo doloroso, onde a pessoa fica presa em lembranças do passado, vividas em julho: “Mas como eu poderia, se eu ainda estou aqui? / Se eu ainda me lembro de tudo / Se eu ainda estou em julho”. Os versos da música ecoam a sensação de estagnação perante um amor vivido, que não está mais ali, mostrando como o tempo pode ser tanto uma fonte de dor quanto de saudade. Ambas as obras exploram a melancolia do tempo, mostrando como ele pode nos aprisionar em lembranças de algo que já não temos mais.


Eu posso ser como você – O Rapto de Proserpina (Bernini)



Tanto em "O Rapto de Proserpina" quanto em "Eu Posso Ser Como Você", há uma temática de vingança e desejo de se elevar acima de uma situação de vulnerabilidade. Enquanto Bernini retrata o poder de Plutão ao subjugar Proserpina, Jão reflete sobre uma vingança emocional, buscando afirmar-se como alguém maior perante a uma situação vivida com um amor do passado. Ambas as obras exploram a complexidade dos sentimentos humanos e a busca por poder e controle.


Sinais – Dante et Virgile (Bouguereau)



Na música "Sinais" de Jão, há uma busca por algo divino que transcende, contrastada com sentimentos eróticos e sexuais, mostrando que o sagrado e o profano estão entrelaçados na experiência humana. Na pintura "Dante et Virgile" de Bouguereau, Dante e Virgílio enfrentam demônios representando pecados, enquanto são observados tanto por esses seres malignos como por figuras angustiadas. Além disso, uma figura na parte esquerda da pintura parece angelical, o que representa a dualidade entre a elevação e o mundano. A presença dos demônios sugere um contraste entre a tentação e a busca por algo maior, enquanto a figura angelical simboliza a redenção simbolizada na canção.


Se o problema era você, por que doeu em mim? – Cupido e Psique (Antonio Canova)



Na obra "O Amor e o Escárnio" (Cupido e Psique) de Antonio Canova, Cupido é encarregado de flechar Psique para fazê-la se apaixonar por alguém horrível, por ordem de sua mãe, Vênus. No entanto, ao se aproximar de Psique, Cupido é surpreendido por sua beleza e acaba se apaixonando por ela, indo contra a ordem de Vênus. Essa contradição entre o que Cupido deveria fazer e o que ele realmente sente é um tema central da obra, representando a complexidade do amor e seus efeitos imprevisíveis.


Na canção "Se O Problema Era Você, Por Que Doeu Em Mim?" de Jão, essa mesma dualidade é explorada. O eu-lírico expressa seu sofrimento causado pelo término do relacionamento, mesmo sabendo que o problema reside na pessoa amada. Essa contradição entre o amor e a dor, entre a necessidade de se afastar e o desejo de permanecer, espelha a contradição enfrentada por Cupido na obra de Canova.


Locadora – Romeu and Juliet (Frank Dicksee)



Na música "Locadora" de Jão, o cantor descreve um amor proibido, descrevendo as dificuldades impostas pela desaprovação dos pais de seu amado, como representado no verso "mentindo pro seu pai que eu te mereço". Essa situação espelha a história vivida por Romeu e Julieta, cujo amor foi desafiado pelas rivalidades familiares entre os Montéquio e os Capuleto. Apesar das adversidades e do desafio imposto pelos pais, o eu-lírico da música continua a se lembrar de seu eterno amor, destacando que mesmo após o tempo passar, ele ainda se lembra bem. A obra "Romeu e Julieta" de Frank Dicksee retrata o momento em que os amantes se beijam apaixonadamente, simbolizando a intensidade de seu amor que sobrevive a qualquer circunstância. O quadro captura a emoção do momento, destacando a conexão profunda entre Romeu e Julieta, assim como a de Jão e seu amado. Assim como na música, onde o eu-lírico expressa a persistência e a intensidade de seus sentimentos, mesmo diante das dificuldades, o quadro também representa a força do amor e a resistência dos protagonistas diante das adversidades. Mesmo após a morte dos amantes, o amor entre Romeu e Julieta persistiu, tornando-se uma inspiração atemporal e uma idealização do que é o amor romântico. Da mesma forma, a narrativa da música 'Locadora' pode ser idealizada dessa maneira, simbolizando uma história de amor que resiste ao tempo, continuando a inspirar os apaixonados no presente e no futuro.


Rádio – A Criação de Adão (Michelangelo)



Na obra "A Criação de Adão" de Michelangelo, a proximidade das mãos de Adão e do ser divino evoca uma intensa sensação de quase-toque, onde duas figuras estão separadas por uma distância mínima. Essa proximidade, porém, é contrastada pela ausência de contato físico, destacando a separação entre a humanidade e a divindade. Essa representação simboliza a dualidade entre o eu-lírico da canção "Rádio" de Jão e seu amado. Na música, é evidente o amor entre eles, no entanto, essa conexão é interrompida pela necessidade do eu-lírico de buscar seus sonhos e ambições. Assim como Adão e a divindade estão próximos, mas separados, o eu-lírico e seu amado estão ligados pelo amor, mas divididos pelo espaço físico e pelos objetivos individuais. Essa proximidade latente, porém inalcançável, ressalta o conflito entre o desejo de seguir em frente e a ânsia de permanecer juntos.


São Paulo, 2015 – Noturno em Veneza (James Whistler)



Na obra "Noturno em Veneza", do artista James Abbott McNeill Whistler, destaca-se a representação de uma figura solitária diante da vastidão e escuridão da cidade noturna. A pintura transmite uma sensação de solidão e contemplação, com o protagonista isolado em meio ao ambiente urbano. Essa atmosfera melancólica e introspectiva reflete a busca por significado e conexão em meio à solidão. Essa representação da solidão na obra de Whistler se assemelha à experiência descrita na música "São Paulo, 2015" de Jão. No trecho "Toda noite eu saio pra fugir de mim/E toda noite eu sempre me encontro aqui", o eu-lírico expressa sua busca incessante por distrações na vida noturna da cidade para escapar de seus próprios pensamentos e sentimentos. No entanto, apesar de suas tentativas de evasão, ele inevitavelmente se confronta consigo mesmo, enfrentando a realidade de sua solidão e desconexão. Tanto na obra de arte quanto na música, a figura solitária representa a luta interior e a busca por significado em um mundo urbano muitas vezes impessoal e alienante.


Super – Noite Estrelada (Van Gogh)



Na obra "Noite Estrelada" de Vincent van Gogh, é possível interpretar um ponto de vista em que o observador contempla a cidade de longe, observando-a de uma perspectiva distante. Isso é evidente na representação das casas e montanhas, que são retratados de forma pequena e distante, enquanto o céu estrelado domina a composição. Essa perspectiva remete à sensação de observar a cidade de longe, uma forma ampla e panorâmica que oferece uma visão abrangente e impressionante do ambiente urbano. Essa representação se assemelha à narrativa presente na música "Super" de Jão, onde o eu-lírico expressa sua aspiração por grandeza e transcendência. Ao mencionar a realização de ver a cidade por cima, o protagonista da canção demonstra uma perspectiva elevada, simbolizando a busca por uma visão mais ampla e profunda da vida e de suas próprias aspirações. Assim como na obra de Van Gogh, onde a cidade vista de longe sugere a presença de algo maior e mais significativo, a música de Jão reflete a busca por algo além do comum, uma busca por uma experiência mais profunda e significativa.


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